Por que comemoramos o Natal no dia 25 de dezembro?

Por que comemoramos o Natal no dia 25 de dezembro?
Natal é uma das comemorações mais populares da nossa cultura, sendo marcado por festividades presentes em todo o Brasil. Celebrado no dia 25 de dezembro, o Natal é uma festividade cristã que relembra o nascimento de Jesus Cristo, considerado Filho de Deus na crença dos cristãos. Apesar disso, a festa também tem um grande peso na cultura secular (não religiosa), sendo considerada um momento de fraternidade.
A pergunta que muitos fazem é: por que comemoramos o Natal no dia 25 de dezembro? Existem evidências históricas que comprovem quando Jesus nasceu? Outras datas foram consideradas para comemorar o nascimento de Cristo? Serão essas perguntas que exploraremos neste texto.

A Bíblia diz a data do nascimento de Cristo?

Não, a Bíblia não menciona nada a respeito da data em que Cristo nasceu e nem sugere pistas de quando isso pode ter acontecido. Toda a polêmica sobre essa data existe exatamente pelo fato da Bíblia não mencionar nada dela. Sendo assim, resta aos historiadores e arqueólogos investigarem todos os vestígios do mundo antigo para encontrar indícios que os permitam sustentar alguma resposta. De toda forma, além da Bíblia, não existe nenhum documento antigo que dê alguma pista sobre o dia em que Jesus nasceu.

Jesus Cristo nasceu no dia 25 de dezembro?

Orígenes de Alexandria, filósofo cristão do século II, considerava a comemoração de aniversários de deuses uma prática pagã.
Orígenes de Alexandria, filósofo cristão do século II, considerava a comemoração de aniversários de deuses uma prática pagã.
Não sabemos se Jesus nasceu nesse dia, mas a teoria mais aceita atualmente sugere que não foi o caso. Assim, a escolha do dia 25 de dezembro teria sido parte de uma ação deliberada da Igreja Católica. Vamos entender o contexto da igreja cristã na Antiguidade para identificarmos quando e como o Natal consolidou-se em dezembro.
O que sabemos atualmente é que, até o século II, os cristãos não comemoravam o nascimento de Cristo de forma alguma. Existem registros de um dos grandes nomes da patrística (filosofia cristã da Antiguidade), Orígenes de Alexandria, que demonstram o desprezo dele por comemorações de aniversário de divindades, pois considerava-as uma prática pagã.
De toda forma, esse assunto começou a ganhar notoriedade a partir do século II, quando os filósofos e cristãos do período começaram a debater e propor diferentes datas para o nascimento de Jesus. Outro grande nome da patrística, Clemente de Alexandria, deixou um registro acerca das diferentes datas que eram propostas na sua época (ele viveu nos séculos II e III).
Clemente de Alexandria informa que diferentes teólogos e filósofos da época acreditavam que Jesus teria nascido em datas como: 20 de maio21 de março15 de abril21 de abril etc. Alguns historiadores falam que o dia 25 de dezembro começou a ser especulado por meio de escritos de Sextus Julius Africanus, historiador romano do século III, que supostamente teorizou essa data como o dia do nascimento de Jesus.

Por que foi criado o Natal?

No final do século II, Clemente de Alexandria falava que muitos acreditavam que Cristo havia nascido em datas dos meses de março, abril ou maio.
No final do século II, Clemente de Alexandria falava que muitos acreditavam que Cristo havia nascido em datas dos meses de março, abril ou maio.
Não há certezas também nas respostas dessa pergunta, mas a teoria mais aceita atualmente sugere que o dia 25 de dezembro consolidou-se como data do nascimento de Cristo entre os séculos III e IV e que foi uma reação da Igreja Católica. Essa reação deu-se contra festividades pagãs que aconteciam naquela época e eram muito populares.
A primeira era a comemoração do aniversário do Sol Invencível, uma festa criada em 274 pelo imperador Aureliano. Junto com essa festa também se celebrava o aniversário de Mitra, deus persa muito popular nas terras romanas. Havia também a Saturnália, em comemoração a Saturno, que acontecia durante o solstício de inverno (por volta do dia 21 de dezembro).
Colocar uma celebração cristã em um período que se comemorava duas festas pagãs era uma forma da Igreja enfraquecer a religiões pagãs e fortalecer o cristianismo, conquistando fiéis para a Igreja. Alguns estudiosos falam que a data foi oficializada como o nascimento de Cristo por meio do papa Júlio I, em 350.
A primeira menção escrita ao Natal que se tem registro é o Cronógrafo de 354, calendário escrito por Fúrio Dionísio Filócalo. A partir daí, a festa teria sido espalhada pela cristandade durante a Antiguidade, sendo realizada na Capadócia, a partir de 370; em Constantinopla, a partir de 380; em Antioquia, a partir de 386; e em Alexandria, a partir de 432.
A teoria de que a consolidação do Natal em 25 de dezembro como uma resposta a festividades pagãs é, no entanto, questionada por muitos, uma vez que ela foi mencionada pela primeira vez somente no século XII. Outras críticas remetem ao fato de que a prática dos cristãos de assimilarem elementos pagãos como forma de cristianização só se consolidou a partir do século VII.

Por L. do Daniel Neves
Professor de História