Assuntos atuais não são frequentes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), pois as questões da prova são escolhidas com meses de antecedência. Por motivo de segurança, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) não revela quando a prova é fechada, mas estima-se que seja entre maio e junho.
Então não preciso estudar atualidades para o Enem? Não é bem assim! Assuntos que estão sendo comentados há algum tempo também podem ser considerados como atuais e têm chance de aparecer na prova. Já fatos isolados, como um atentado terrorista, ocorridos no segundo semestre não entram no Enem.
O EducaJovem conversou com três especialistas, que apontaram alguns temas de atualidades para o Enem 2018. O professor de Atualidades, Daniel Pereira Leite, do Poliedro, o professor de Redação Raphael Torres, do QG do Enem, e o diretor pedagógico Antunes Rafael, do curso e colégio Oficina do Estudante, alertam para temas importantes que podem inspirar questões.
1 – Fake News
As notícias falsas (fake news – inglês) são motivo de preocupação em vários países, pois interfere negativamente em áreas como política, economia, saúde, segurança e educação. Nos Estados Unidos, por exemplo, as notícias falsas compartilhadas nas redes sociais contribuíram para a eleição de Donald Trump e causou a maior crise da história do Facebook.
No Brasil, grupos políticos como o Movimento Brasil Livre (MBL) já foram acusados por disseminar conteúdo mentiroso e tiveram páginas deletadas na rede social. Recentemente, boatos espalhados pelo WhatsApp fizeram pessoas não vacinarem contra o sarampo e outras doenças.
A maior possibilidade do tema ser cobrado no Enem é por meio da redação, exigindo do participante uma proposta para combater as fake news no Brasil.
2 – Epidemias
Em 2018, algumas doenças que estavam erradicadas retornaram, como o sarampo, poliomielite, rubéola e difteria. A crise financeira brasileira e, consequentemente, a precariedade com que vivem várias famílias contribuíram para o retorno dessas doenças. Além disso, o surto de sarampo em Roraima tem relação direta com a imigração de venezuelanos. Parar piorar, motivadas por fake news, pessoas estão escolhendo não tomar vacinas.
Os participantes do Enem podem ser cobrados quanto a origem dessas doenças, sintomas, vacinas e formas de tratamento.
3 – Crise na Venezuela
Quem vai fazer o Enem tem que ficar ligado no que está acontecendo na Venezuela. Embora a crise econômica, política e humanitária do país de Nicolás Maduro esteja sendo noticiada mais frequentemente no segundo semestre por causa dos refugiados em Roraima, a situação da Venezuela é complicada há anos. Desde 2013, mais especificamente.
A queda do preço do barril de petróleo, principal artigo da economia venezuelana, o esgotamento político do chavismo e o isolamento econômico promovido pelos Estados Unidos causaram uma crise sem precedentes.
4 – Refugiados e Imigrantes
A onda de refugiados e imigrantes não acontece só no Brasil. A Europa encara esse problema há alguns anos, em razão das guerras e terrorismo no Oriente Médio e África. O caso mais grave é o da Síria, onde boa parte da população fugiu do país por causa de uma guerra civil que já dura sete anos.
A questão dos imigrantes e refugiados na Europa ganhou evidência depois que a França foi campeã da Copa do Mundo de Futebol, disputada na Rússia entre junho e julho. A maioria dos jogadores franceses nasceu na África ou é descendente de africanos.
5 – Coreias
No cenário internacional, talvez o assunto mais falado foi a reaproximação das Coreias, intermediada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. As Coreias do Norte e do Sul assinaram uma declaração de paz até o fim de 2018, além de prometerem acabar com o arsenal nuclear dos países.
O Enem pode cobrar dos participantes o que originou a separação das Coreias e a situação do regime ditatorial da Coreia do Norte. Apesar do isolamento econômico, o país presidido por Kim Jong-un chamou atenção do mundo por conta dos testes nucleares.
6 - Governo Trump
Falando em Donald Trump, o presidente americano segue com as medidas polêmicas. A que mais chamou a atenção em 2018, sendo capa de muitos jornais, foi a aplicação uma lei dos anos 50, que previa que filhos de imigrantes sem documentos poderiam ser separados de seus pais.
Na política externa, por sua vez, Trump também tem colecionado uma série de contestações. Ele retirou o país do Tratado do Pacífico, alegando que não havia vantagens e anunciou a saída dos Estados Unidos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), prevista para 2020.
7 - Minorias e Direitos Humanos
O respeito aos direitos humanos é uma marca das provas do Enem. Vários grupos considerados minoritários já foram abordados na prova, como crianças e adolescentes, idosos, mulheres, negros e deficientes físicos.
Como dica, o candidato pode treinar redações cujos temas são grupos ainda não abordados no Enem, como refugiados, índios e Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros (LGBT).
8- Meio ambiente
8- Meio ambiente
Os domínios ambientais, a relação do ser humano com o meio ambiente e as causas e consequências do efeito estufa são temas que podem ser solicitados em diversas matérias do Enem, como Geografia, Ciências e até mesmo em Redação. O estudante deve estar atento principalmente aos problemas causados pela ação humana, como a poluição, e a crise hídrica.
9 – Eleições
Com as eleições no Brasil, outra possibilidade é que o Enem tenha alguma questão relacionada à política, seus conceitos, cidadania e os diretos da população. A prova de redação também pode abordar esse tema.
10 – Greve dos caminhoneiros
A greve dos caminhoneiros literalmente parou o Brasil em maio. Os protestos evidenciaram a dependência do país pelo transporte de cargas por rodovias e uso de combustíveis fósseis. Desde o Governo JK, o país parou de investir em ferrovias e, atualmente, as rodovias representam 60% do transporte de carga do Brasil.
Diante deste cenário, é bem provável que o assunto apareça nos vestibulares e no Enem, cobrando dos estudantes conhecimento sobre os motivos que levaram o país a esta situação e o que fazer para mudar o cenário.